Publicado por: Kilder Catapano | 24/05/2011

Uma criança

Ainda na linha “falta de inspiração pra escrever no blog”, publico um texto do meu terapeuta Luiz Augusto. Quando ele viu o blog pela primeira vez, me mandou esse texto, que escreveu há alguns anos. No texto ele tenta se colocar no papel da criança. Talvez muitos se choquem ou achem exagerado, mas acho que quando estamos com nossos filhos, devemos tentar lembrar de como foi nossa infância e do que queriamos fazer, e nem sempre pudemos, simplesmente porque um adulto dizia que não podia.

“Li o Blog quase todo, vou voltar a ele. Lembrei-me de um texto que escrevi há algum tempo para uma festa do dia das mães na escola da Fátima, Vou coloca-lo aqui. Acho que quando falamos por uma criança, nossos conceitos adultos as vezes atrapalham e nos esquecemos o como foi ser criança, mas eu tentei voltar no tempo neste texto.

Mamãe
A professora pediu para eu escrever alguma coisa para te homenagear, mas não sei muito bem o que escrever.
Só sei que sinto muito sua falta.
Quando você sai para trabalhar eu digo que entendo, mas quando eu era menor eu achava que você tinha ido embora e nunca mais iria voltar, mas aí você voltava e meu medo passava. Você diz que precisa trabalhar para ajudar o papai a colocar comida em casa, mas em nem tenho tanta fome assim.
Às vezes você briga comigo, depois vem e pede desculpas, fala que são os problemas.
Eu queria te falar que a minha professora está me ensinando a resolver problemas e não é difícil, é só fazer as continhas de mais, de menos e de vezes. Você podia pedir para ela que ela te ensinava, assim você não brigava mais comigo por causa dos problemas.
Uns meninos lá da escola dizem que tem um monte de mulher bonita por aí, falam até umas coisas que eu não entendo muito bem sobre elas, mas eu não acho, porque você é a mais bonita. Acho que eles não te conhecem.
Eu fico muito feliz quando você me ensina as coisas que eu não sei, mas fico triste quando você diz que não tem tempo. Você sabia que muitas vezes eu peço para você me ensinar coisas que eu já sei, só pra você ficar pertinho de mim? Às vezes eu fico com dó do Lucas porque ele não tem mãe, mas me diz que não tem problema, porque a mulher do pai dele é legal. Deve ser muito ruim não ter mãe.
Eu gostaria de ficar o dia inteirinho do seu lado, mas eu digo que te entendo só pra não ver você preocupada, você diz que precisa trabalhar para pagar as contas. Eu não sei como é isso, porque as contas de mais e de menos que eu faço na escola eu nunca precisei pagar, será que o papai paga escondido de mim?
Pois é mãe, eu pensei em um monte de coisas para te dizer, mas a única coisa que eu consigo pensar é que te amo muito, mas que sinto muito sua falta.
Eu só gostaria que a mamãe pudesse ficar comigo o dia inteirinho, do mesmo jeito que você diz que a vovó ficava com você.”  Luiz Augusto dos Santos.


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